terça-feira, 27 de novembro de 2012



A LIDERANÇA FEMININA DAS MAGISTRATURAS NA PRÁTICA JURÍDICA



  A finalidade desta pesquisa é de buscar aumentar o conhecimento sobre a inserção e o desenvolvimento da mulher no mercado de trabalho, especificamente, na magistratura federal, visando a: analisar os fatores influenciadores na construção da vida profissional e na formação de liderança; identificar o desenvolvimento da carreira das magistradas e suas peculiaridades e descrever a administração do conflito entre as demandas da vida pessoal e profissional e, identificar as características de liderança feminina apresentadas no desempenho de suas atribuições na atualidade.


 1.NOÇÕES INTRODUTÓRIAS;
 2. CARREIRA DA MAGISTRATURA;
 3. CONSTRUÇÃO DA VIDA PROFISSIONAL;
 4. A LIDERANÇA FEMININA DAS MAGISTRADAS NA PRÁTICA JURÍDICA;
 5. NOVO PERFIL DO MAGISTRADO;
 6.CARACTERÍSTICAS PESSOAIS FUNDAMENTAIS NA IMPORTÂNCIA DO ÊXITO PROFISSIONAL;
 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS.



NOÇÕES INTRODUTÓRIAS


  Os movimentos feministas contribuíram para o avanço das mulheres na nossa sociedade, além de contribuir para o reconhecimento da mulher no mercado de trabalho como pessoa que possuem direitos, tendo em vista que ela desenvolve da mesma forma que o homem as suas atribuições profissionais, contribuiu também para o respeito quanto ao seu reconhecimento como mulher e cidadã. Assim, este estudo analisou a liderança feminina no campo das magistraturas, já que a participação da mulher no mercado de trabalho tem aumentado significativamente nos últimos anos. Foi visto que hoje, a presença expressiva de mulheres em cargos e funções cada vez mais diversificados mostra que elas têm conquistado seu espaço no âmbito público de produção. Além disso, elas estão liderando os índices de escolaridade em relação aos homens e, ainda que de forma menos expressiva, estão ocupando, com tendência crescente, cargos de chefia e posições gerenciais e políticas. Acompanhando o processo de discussão que ocorre na sociedade quanto à inserção da mulher no mercado de trabalho e o desenvolvimento de sua carreira profissional, especialmente no que se refere à ocupação de cargos de liderança e de poder, que eram predominantemente exercidos por homens, e ainda, tendo em vista a reflexão proposta pelo Poder Judiciário quanto à abrangência do papel do magistrado como administrador da justiça, desenvolveu-se este estudo. Ao se considerar todas as informações relativas à composição da Justiça Federal da 4ª Região, fica caracterizada a presença marcante e forte da mulher no exercício da magistratura federal. Desta forma, tendo em vista este panorama da participação da mulher na ocupação dos cargos da magistratura, de comando e poder, surge a necessidade de se conhecer um pouco mais sobre o perfil de liderança feminina apresentado, sua trajetória profissional e como conquistaram o desenvolvimento da carreira. No mundo contemporâneo, as mudanças são cada vez mais constantes, as competições mais acirradas e o ambiente desafiador. As empresas não operam apenas em mercados regionais relativamente seguros, atualmente elas concorrem em uma economia globalizada complexa, altamente incerta e imprevisível. Diante deste cenário, o tema a ser estudado trata da relação entre a liderança feminina e as organizações, que buscam características, habilidades e estilos diferenciados para tanto, é preciso entender como um líder eficiente administra seu trabalho e como suas ações contribuem para o desenvolvimento da organização. Neste contexto, surge um novo modelo de gestão feminina. As mulheres percebem que, perante a grande competitividade organizacional é preciso reinventar métodos mais eficientes, focados nas relações humanas e que para tanto, precisam se preparar para atuarem como líderes, em contexto que nem sempre as mulheres são reconhecidas e valorizadas.




CONSTRUÇÃO DA VIDA PROFISSIONAL


   A figura paterna determinou uma influência marcante na construção da vida profissional das mulheres, bem como assumiu um papel relevante de modelo identificatório positivo na formação de atributos de liderança. O pai aparece como principal exemplo, influenciando desde a escolha da carreira a ser seguida até a área de atuação, sendo percebido como modelo valorizado, com capacidade de prospectar, de ter visão estratégica e ambição para o crescimento e o autodesenvolvimento, na busca de maior autonomia, estabilidade e realização profissional. Segundo Kehl (1996), a capacidade de sublimação na mulher, tanto quanto no homem, passa por uma certa possibilidade de identificação paterna, pelo menos até onde vai uma geração de mulheres cujas mães se caracterizam por serem mulheres "do lar". Esta identificação implica algum tipo de renúncia às fixações edipianas, já que a identificação é por si só uma espécie de sublimação do amor edípico. A mãe assumiu, em todos os relatos, importante papel de liderança no âmbito familiar, descrita como dedicada, ágil e atenta às necessidades dos filhos, incentivando o desenvolvimento de habilidades, o estudo e a superação pessoal, apresentando grande capacidade de condução e resolução de problemas. Entretanto, apesar de ser talentosa e inteligente ficou restrita ao ambiente doméstico, com limitadas autonomia, liberdade e oportunidade de escolhas. A figura materna surge, então, como importante modelo identificatório negativo, pela antítese, evidenciada pelo nível elevado de inconformidade, insatisfação e frustração com relação a sua vida profissional.
   Nesta perspectiva, podemos inferir que, mesmo mediante modelo identificatório negativo, a mãe exerceu um papel importantíssimo no sentido de esclarecer, incentivar e reforçar a crença nas filhas de que elas teriam que construir um destino diverso do seu. As entrevistadas estabelecem, a partir disso, uma concepção crítica da falta de opção, possibilidade ou oportunidade, experimentadas por suas mães e as consequências decorrentes destas evidências. Desta forma, as filhas passaram a fazer escolhas e investimentos que favoreciam vidas profissionais plenas, satisfatórias e realizadas.  Segundo Kehl (1996), a mulher que antes era restrita ao lar sai em busca de independência econômica, poder, cultura e possibilidades de sublimação impensáveis para a mulher restrita ao espaço doméstico, quebrando a antiga identidade feminina, centrada na ideia da mulher que se realiza nos afazeres e saberes da casa, formando uma identidade mais plena. Assim, o manifesto de emancipação da mulher possibilitou que ela fosse capaz de amar e trabalhar mais de acordo com suas escolhas, superando os agrados que as mulheres faziam para garantir o sustento do marido, que alterou costumes, sintomas e insígnias da feminilidade. Trabalhar tornou-se, na concepção freudiana, algo mais do que executar trabalhos domésticos. Significa ser capaz de sublimação, que se refere ao processo postulado por Freud para explicar atividades humanas onde a pulsão é derivada para um novo objetivo não sexual e em que visa objetos socialmente valorizados.


A LIDERANÇA FEMININA DAS MAGISTRADAS NA PRÁTICA JURÍDICA

  Há algumas décadas, ter uma mulher ocupando altos cargos da magistratura era algo impensável, ou no mínimo bastante raro. No entanto, cada vez mais as mulheres ocupam cargos de destaque no Poder Judiciário, fazendo com que a igualdade entre os sexos se torne tradição na magistratura. A primeira mulher a chegar ao mais alto nível da Justiça foi a ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Eliana Calmon, nomeada no ano 2010 como Corregedora Nacional de Justiça. Essa foi apenas uma de diversas barreiras que a ministra, que foi também a primeira desembargadora do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, enfrentou para se impor em uma magistratura que sempre havia sido um terreno masculino. Em 2005, dados da pesquisa da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) já revelaram essa mudança. De acordo com a pesquisa, houve, nas últimas décadas, um movimento em direção da ampliação da participação feminina na magistratura. Do total de juízes que ingressaram na instituição até o final da década de 1960, apenas 2,3% eram do sexo feminino. Ao terminar a década de 1970, o ingresso feminino representava 8%. E, no final dos anos 1980, esta participação foi ampliada para 14%.Nos tribunais superiores, a presença das mulheres ainda é menor do que a dos homens, mas já bastante expressiva. No Supremo Tribunal Federal (STF) só houve duas ministras, e que estão atualmente na composição da corte, a ministra Ellen Gracie e a ministra Cármen Lúcia. No Tribunal Superior do trabalho (TST), são seis ministras: Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, vice-presidente da corte, Rosa Maria Weber Candiota da Rosa, Maria de Assis Calsing,  Dora Maria da Costa , Kátia Magalhães Arruda e Delaíde Miranda Arantes. Já no STJ, as ministras Eliana Calmon, Nancy Andrighi, Laurita Vaz, Maria Isabel Gallotti e Maria Thereza de Assis Moura estão na composição do tribunal.Além de Eliana Calmon do Superior Tribunal de Justiça.



Thereza Grisólia Tang


Thereza Grisólia Tang foi a primeira desembargadora do país, foi a primeira mulher a tornar-se juíza no Brasil, ingressando na magistratura de Santa Catarina em 1954. Nesta condição, única mulher no Judiciário estadual, manteve-se por quase 20 anos, pois a segunda juíza do estado viria a ser nomeada apenas em 28 de maio de 1973. Ela ocupou também a presidência do TJSC em 13 de dezembro de 1989, concluindo o mandato do desembargador Nelson Konrad – aposentado por idade naquela data. A desembargadora Thereza Tang, até então vice-presidente, ocupou o mais alto cargo do Judiciário de Santa Catarina até 5 de março de 1990. Foi magistrada em várias comarcas de SC: Araranguá, Criciúma, Turvo, Timbó, Palhoça, São José, Laguna, Joaçaba e Florianópolis. Nestes últimos 10 anos nenhuma outra mulher alcançou o cargo de Desembargador no Tribunal de Justiça catarinense.





Sara Silva de Brito


Após tomar posse, no início da noite desta terça-feira dia 06-06-12, como membro efetivo do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA), a desembargadora Sara Silva de Brito foi eleita, por unanimidade, pela Corte, composta por seis juízes, para ocupar a presidência do órgão durante o biênio 2012-2014. Natural de Itapicuru (BA), a magistrada diplomou-se em Direito, em 1969, pela Faculdade de Direito Candido Mendes, no Rio de Janeiro. Ingressou na magistratura em 2 de abril de 1981, sendo nomeada para a comarca de Barra da Estiva. Foi promovida em 1984 para Muritiba e, em 1986, para a comarca de Santo Amaro. Assumiu a comarca da capital em dezembro de 1992, sendo nomeada desembargadora, pelo critério de merecimento, em 17 de março de 2007.




Ellen Gracie Northfleet


Tomou posse em 14 de dezembro de 2000, tornando-se a primeira mulher a integrar a Suprema Corte do Brasil desde a sua criação. Foi também eleita juíza substituta doTribunal Superior Eleitoral em sessão de 8 de fevereiro de 2001 e, em 20 de fevereirode 2003, foi eleita e tomou posse como vice-presidente da Corte eleitoral.Foi eleita presidente do Supremo Tribunal Federal em sessão de 15 de março de 2006, para o biênio 2006-2007, com posse no dia 27 de abril de 2006. É uma jurista brasileira, inicialmente procuradora, depois desembargadora e ministrado Supremo Tribunal Federal (2000/2011), tendo exercido a presidência da corte no biênio 2006-2008 por indicação de Fernando Henrique Cardoso.Iniciou os estudos acadêmicos na Faculdade de Direito da então Universidade do Estado da Guanabara, tendo concluído, em 1970, no Rio Grande do Sul, o Curso de Bacharelado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Graduou-se, em nível de especialização, em Antropologia Social, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1980/1982).




Eliana Calmon (Superior Tribunal de Justiça)



O Pleno do Superior Tribunal de Justiça (STJ) elegeu, por aclamação, a ministra Eliana Calmon para o cargo de diretora geral da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam). Na mesma ocasião, a ministra Nancy Andrighi foi escolhida para exercer a função de vice-diretora geral da instituição. Juíza federal de carreira, a baiana Eliana Calmon chegou ao STJ em junho de 1999. 
Primeira mulher a ocupar o cargo de ministro de um tribunal superior, a ministra Eliana Calmon esteve nos últimos dois anos à frente da corregedoria nacional de Justiça. O cargo lhe rendeu embates em defesa da atuação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) na fiscalização sobre a magistratura, paralelamente às corregedorias locais. 




NOVO PERFIL DO MAGISTRADO


  As entrevistadas apontaram que o exercício do cargo demanda um novo perfil de magistrado, com exigências relacionadas às habilidades interpessoais, necessitando desenvolver as seguintes capacidades: entender, avaliar, discernir, impor limites com firmeza; ter empatia e sensibilidade; administrar conflitos; ouvir sugestões; questionamentos e críticas; saber tomar decisões, adotando uma postura política e correta. O novo magistrado assume o papel de mediador e conciliador, além de julgador.
Atualmente, segundo diz Lipovetsky(2000), as mulheres apresentam desejos de desenvolvimento pessoal em sua atividade profissional, interesse pelo trabalho, sendo que a iniciativa e responsabilidade tornaram-se prioritárias. O trabalho individual e identidária, uma condição para se realizar na existência, um meio de autoafirmação. Houve uma mudança essencial, passando o trabalho a ser um suporte muito importante da identidade social das mulheres.
  Quanto a progressão, alguma entrevistadas referem que, se esta exige mudança de cidade, pode haver um certo desconforto, podendo, em alguns casos, ser recusada,por impor mudanças indesejadas pelas magistradas, que acabam optando por não progredir na carreira,não assumindo a titularidade, permanecendo como substitutas.
Segundo Cooper (1988), as mulheres aceitam frequentemente restrições à mobilidade por razoes de família, pois ainda existe a expectativa de que homens são moveis e que as mulheres não o são. Há, no entanto, um numero crescente de homens que recusa transferências, por dar valor a vida familiar ou a carreira do parceiro, sendo vistos, em muitos casos, como carentes de compromisso profissional. Salienta, ainda, que os casais que se mudam com base na carreira da mulher enfrentam com frequência problemas porque seu comportamento sai do que, culturalmente, é considerado normal.



CARACTERÍSTICAS PESSOAIS FUNDAMENTAIS NA IMPORTÂNCIA DO ÊXITO PROFISSIONAL


As características pessoais como determinação, objetividade, dinamismo, inteligência e persistência, associadas à disciplina pessoal e definição de metas, se mostraram de fundamental importância na formação e êxito profissional. Por outro lado, a ocorrência de alguns fatores externos, como a perde pessoa importante ou dificuldades financeiras, também pôde impulsionar a busca por melhores condições de trabalho, de vida e de autodesenvolvimento.
As entrevistadas demonstraram nos relatos sobre suas conquistas profissionais que tinham inicialmente um sonho, um desejo, que foi perseguido com esforço, ações focadas, acreditando no resultado a ser obtido. Evidenciavam a disciplina pessoal para superar as limitações e vencer os obstáculos, sendo estes elementos, fatores que influenciaram ou determinaram o sucesso alcançado.
No que diz respeito à trajetória profissional anterior e ingresso na carreira da magistratura, a maioria das entrevistadas já trabalhava antes, tendo experiência em outros cargos públicos ou em escritório da advocacia, vislumbrando maior autonomia, crescimento e realização pessoal e profissional.
Apesar da dificuldade do ingresso e de acesso aos cargos de maior poder, a luta e motivação pela carreira de juiz, como as demais carreiras de administração pública têm sido preferidas pelas mulheres. A ocupação dos cargos pelas mulheres sinaliza a afirmação de um processo de modernização social.
Embora as entrevistadas já tenham tido algum tipo experiência profissional anterior, na fase inicial da carreira depararam-se com várias limitações.
Nesse inicio da carreira, algumas entrevistadas perceberam atitudes discriminatórias, ocorrendo questionamentos, não habituais, por serem mulheres. Foram salientados alguns comportamentos que servem como facilitadores nesta etapa, quais sejam:  buscar novas informações, pedir auxilio de algum colega e aprender com a experiência dos advogados, sendo necessário, para isso, ter humildade, para reconhecer os erros e limitações; tolerância às frustrações e disponibilidade de aprender, investindo no autodesenvolvimento.



CONSIDERAÇÕES FINAIS


  O crescente número de mulheres que ingressam na carreira da magistratura, assumindo funções com responsabilidades e poderes que eram predominantemente masculinas, bem como as discussões sobre a reforma do Poder Judiciário e sobre o papel do magistrado como administrador da justiça, as crescentes demandas por uma prestação jurisdicional mais ágil e célere, atendendo às expectativas da sociedade moderna, justificam o interesse maior sobre o que se espera de uma futura carreira profissional. Ao se considerarem as diferentes respostas e personalidades, que caracterizam o jeito de liderar de cada entrevistada, pode-se verificar que todas apresentam esforço e autocrítica para dar o melhor de si, revelando três aspectos comuns, quais sejam: a busca de autoconhecimento, de desenvolvimento pessoal e profissional e a valorização das vivências e conquistas obtidas na equipe, denotando orgulho e gratificação pelo trabalho conjunto realizado.



NOÇÕES INTRODUTÓRIAS

 Vejamos inicialmente o que é a Psicologia a partir de sua definição etimológica.

   (Etimológica: refere-se à etimologia (do grego antigo ετιµολογια, composto de ετιµο – origem (das palavras) + λογια - ”logia”), a parte da gramática que trata da história ou origem das palavras e da explicação do seu significado por meio da análise dos elementos que a constituem. Em outros termos,é o estudo da composição dos vocábulos e das regras de sua evolução histórica). Ela se refere ao estudo da alma (psyche+logos=mente+ conhecimento). Durante muitos séculos a Psicologia foi pensada pelos filó-sofos como o saber acerca da alma. Tratar-se-ia de uma realidade metafísica, ou seja, uma realidade fora do alcance dos nossos sentidos, que não pode ser objeto de qualquer experiência ou vivência. Esta definição não parece plenamente satisfatória, pois a palavra “alma” tem significados muito diversos, contudo sempre se colocaram questões ao homem sobre si próprio e sobre o que popularmente se designa de alma. Todo o período anterior ao século 19 caracterizou-se por ser uma fase preponderantemente especulativa, em que a Psicologia era um campo acessível a filósofos, médicos e romancistas. Quando estudamos a Psicologia necessário se faz também que realizemos um breve percorrido em sua constituição indo às raízes primeiras, a Filosofia.Como as demais ciências, também a Psicologia surgiu a partir das necessidades culturais de entendimento do ser humano, buscando corresponder ao desejo do homem de compreender a si mesmo.Durante o percurso deste trabalho,será abordado um pouco da história da Psicologia na Grécia e Roma antigas e no Renascimento. Você entenderá como a Psicologia tornou-se ciência. Poderá fazer um breve percorrido pelas principais escolas psicológicas, tema aprofundado nas unidades posteriores, e finalmente as teorias psicológicas atuais.
   Os filósofos pré-socráticos preocupavam-se em definir a relação do homem com o mundo através da percepção. Discutiam se o mundo existe porque o homem o vê ou se o homem vê um mundo que já existe. Sócrates faz com que a Psicologia na Antiguidade ganhe consistência. Sua principal preocupação era com o limite que separa o homem dos animais. Dessa forma, percebia-se que a principal característica do homem era a razão, que permitia o homem se sobrepor aos instintos, que seriam a base da irracionalidade. Platão, discípulo de Sócrates, procurou definir um “lugar” para a razão no nosso próprio corpo, esse lugar seria a cabeça. A medula seria, portanto, o elemento, de ligação de alma com o corpo.   Aristóteles, discípulo de Platão, dizia que a alma e o corpo não podem ser dissociados. Para ele a alma seria o princípio ativo da vida. Tudo aquilo que cresce, se reproduz e se alimenta possui a sua alma. Desta forma, os vegetais, os animais e o homem teriam alma.
No Império Romano, a psicologia era constantemente relacionada ao cristianismo, já que a Igreja Católica também monopolizava o saber e, consequentemente, o psiquismo.  Santo Agostinho, inspirado em Platão, fazia cisão entre alma e corpo. Mas, para ele, a alma não era apenas sede da razão mas a prova de uma manifestação divina no homem e imortal.  São Tomás de Aquino, inspirado em Aristóteles, buscava a distinção entre essência e existência. Ele considerava que o homem busca a perfeição através de sua existência e somente Deus seria capaz de reunir a essência à existência , encontrava também argumentos racionais para continuar garantindo a Igreja o monopólio do estudo do psiquismo. Descartes, eminente filósofo, matemático e fisiológico, influenciou o desenvolvimento subsequente da psicologia através de sua teoria do dualismo psicofísico – a distinção entre mente e corpo – e de sua interpretação mecanicista do comportamento animal – o conceito de “animais sem mente”. Nos séculos XVIII e XIX a mente e seu funcionamento tornaram-se objeto de grande interesse para os filósofos. Duas escolas de pensamentos diferentes se desenvolveram, uma conhecida como empirismo inglês e a outra como racionalismo alemão. O empirismo acreditava que as percepções e ideias complexas fossem feitas de partes componentes mais simples ou elementos. Os racionalistas não admitiam a necessidade dessa abordagem analítica para o entendimento dos processos mentais, insistindo que a percepção de objetos são entidades por si mesmas, com qualidades características que seriam destruídas pela análise de seus componentes. O primeiro laboratório de psicologia experimental, foi criado na Universidade de Leipzig, na Alemanha, em 1879, por Wilhelm Wundt.  Quando a nova psicologia experimental ingressou no século XX já haviam surgido diversos sistemas, ou “escolas”, controversos. Estes sistemas teóricos rivais representaram uma transição da psicologia filosófica dos dois séculos anteriores a psicologia relativamente sofisticada dos dias atuais. A psicologia estruturalista deixou de existir como uma escola distinta a partir de 1930. Entretanto, psicólogos treinados na cuidadosa tradição experimental de Wundt e Titchener exerceram uma influência significativa sobre o desenvolvimento da psicologia como ciência.


Imagem de psychè e cupido, museu do Louvre






A Psicologia Entre os Gregos

Os primeiros dados histórico-filosófico-científicos da Psicologia estão na Grécia antiga. Desse período destacamos as concepções de Sócrates, Platão e Aristóteles.
Sócrates viveu de 469 a 339 a.C, em Atenas. Seu postulado central era a razão como principal característica humana, e afirmava ser ela a possibilitar aos homens sobrepujar os instintos.
Imagem de Sócrates






Platão viveu de 427 a 347 a. C. e avança seu pensamento definindo a cabeça como o lugar da razão, enquanto a medula estabeleceria a ligação entre a alma e o corpo. Segundo ele, com a morte a matéria desaparecia e a alma teria liberdade para habitar outro corpo.

 Imagem de Platão






Aristóteles nasceu em 384 e morreu em 322 a.C. Estudou Medicina e História da Filosofia. Afirmava que a observação é a forma de explicação dos eventos naturais. Assegurava que a psychè é o princípio ativo da vida e que tudo que nasce, cresce e se alimenta possui então, alma. Até mesmo animais e vegetais, que possuiriam alma vegetativa. Os animais teriam essa mesma alma acrescida de uma sensitiva. No homem, encontraríamos além destas a alma racional, que lhe daria a função de pensar. Ele dissocia alma e corpo.
Como podemos perceber, muito tempo antes da ciência psicológica os gregos já haviam formulado teorias sobre o homem: a teoria de Platão, que postulava a imortalidade da alma, separada do corpo, e a de Aristóteles, que definia a alma em sua relação com o corpo.

Imagem de Aristóteles






A Psicologia na Roma Antiga

No Império Romano a Psicologia liga-se à religião na medida em que essa época se caracteriza pelo surgimento e desenvolvimento do cristianismo. A religião assume o status de ciência. Destacamos Santo Agostinho, que viveu de 354 a 430 a. C. e São Tomás de Aquino, que viveu bem mais tarde, entre 1225 e 1274 d. C.



Imagem de Santo Agostinho


   Santo Agostinho comunga das ideias de Platão, acreditando que a alma encontra-se separada do corpo. Ela é a manifestação de Deus no homem, o que permite que este se torne imortal. Por considerar a alma o lugar do pensamento, a Igreja quer compreendê-la. Na alma existiriam três faculdades: a memória, a inteligência e a vontade, sendo esta a mais importante pelo fato de participar dos atos do espírito e tornar-se o centro da personalidade no homem. São Tomás de Aquino viveu no período de transição e ruptura da Igreja Católica. Surge, então, o protestantismo. A partir dessa crise a Igreja passa a se perguntar acerca dos conhecimentos que vem produzindo.
   A visão de Tomás de Aquino sobre o ser humano é de que os seres vivos seriam agentes e pacientes de suas ações. Para ele, a alma é anterior ao corpo e o anima, lhe dá vida. A alma é constituinte do ser. Ele inspira-se em Aristóteles e estabelece distinção entre essência e existência e lhe dá caráter religioso. Deus seria, então, o caminho para unir essas duas qualidades, por meio da procura da perfeição, que se daria pela busca de Deus. Segundo Bock, ele “encontra argumentos racionais para justificar os dogmas da Igreja (...) garantindo para ela o monopólio do estudo do psiquismo” (1999, p. 35). Estudava-se ainda o comportamento do homem em relação à questão da educação na Academia de Platão, no Liceu de Aristóteles e no Museu de Alexandria.





A Psicologia como Ciência
  
   A partir do século 19, a ciência passa a se tornar a forma por excelência de conhecimento, sendo convocada a explicar as inovações surgidas. A Psicologia, como campo de conhecimento, transforma-se, cresce e avança vertiginosamente. Isso faz com que ocorra um distanciamento da Filosofia, embora sem negar a importância fundamental do pensamento filosófico no estudo do homem, porém necessário se fazia a produção do conhecimento do campo específico, a partir das possibilidades de comprovação que a ciência aponta. O objetivo primeiro passa a ser a definição de um objeto de estudo para a Psicologia, seu campo de investigação e seus métodos, o que permitirá a construção de teorias consistentes para o conhecimento do homem. Os temas e problemas da Psicologia passam a ser estudados pela Medicina, pela Fisiologia e Neurofisiologia, Neuroanatomia e Psicofísica, com foco no sistema nervoso central. Segundo Bock, “para conhecer o psiquismo humano passa a ser necessário compreender os mecanismos e o funcionamento da máquina de pensar do homem – seu cérebro” (1999, p. 39). Em torno de 1850, Fechner e Weber formulam uma lei que passou a ser conhecida como “lei de Fechner-Weber”   e que consiste na relação entre um estímulo e uma sensação, permitindo com isso sua mensuração. Grande contribuição ao avanço da Psicologia, como ciência também, é o trabalho de Wilhelm Wundt (1832-1926), com a criação do laboratório de Psicofisiologia, na Universidade de Leipzig (Alemanha), em 1879. Em virtude de seus estudos ele foi considerado o “pai” da Psicologia Científica. Ele define a Psicologia como uma ciência da consciência e desenvolve estudos sobre o “paralelismo psicofísico”, que consiste no entendimento de que fenômenos mentais/psíquicos correspondem a fenômenos orgânicos. Seu método  é denominado de método introspectivo . Por intermédio dos estudos que passam a se tornar mais aprofundados, define-se o objeto de estudo da Psicologia como sendo o comportamento, a consciência e a vida psíquica. O campo de estudos é, então, delimitado. Novos métodos passam a ser elaborados ao mesmo tempo que novas teorias são formuladas, o que permite o avanço e o estabelecimento definitivo da Psicologia. Fundam-se escolas psicológicas, que serão apresentadas a seguir, sucintamente.





Teorias Atuais


Destacamos a seguir as principais teorias psicológicas do século 20:

a) A Psicanálise: Esta teoria foi desenvolvida por Sigmund Freud (1856-1939). É um método de investigação cujo objeto principal é o “inconsciente”, sendo também a denominação dada ao tratamento ou prática clínica, subsidiada pela teoria e pela investigação.

b) O Behaviorismo: Seu fundador foi John Watson (1878-1958). Ele afirmava que o comportamento é o objeto de estudo da ciência psicológica e o qualifica como observável e mensurável, o que permitiria experimentos em situações diversas, mantendo sempre o caráter de objetividade científica acerca do objeto de estudo.

c) A Gestalt: é um termo alemão de difícil tradução. Em português essa teoria é denominada de teoria da “forma ou configuração”. Seus fundadores foram Kurt Koffka (1886-1941) e Max Wertheimer (1880-1943). Além da Psicanálise e do Behaviorismo estudaremos ainda a Epistemologia Genética, fundada pelo suíço Jean Piaget (1896-1980), e as idéias de Lev S. Vygostsky (1896-1934). Essas últimas são teorias que passaram a ser mais bem conhecidas e estudadas no Brasil a partir da década de 80.

















quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Behaviorismo



ORIGEM DA PALAVRA:

Behaviorismo (behavior + comportamento + ismo) vem do termo inglês “behaviour” ou do americano behavior, significando conduta, comportamento, sendo empregado para designar uma corrente de pensamento psicológico. Pode-se dizer assim que é o comportamento, ou comportamentalismo ou Teoria Comportamental, ou Análise Experimental do Comportamento, ou ainda, Análise do Comportamento, segundo Watson.

EXPLICAÇÃO DO TEMA:

O behaviorismo tem seu início marcado com o lançamento de John Watson em 1913 do Manifesto Behaviorista. Watson, com esse manifesto imprime um novo rumo à historia da Psicologia, influencia vários setores do comportamento humano, nas teorias de aprendizagem , na personalidade e nas psicoterapias.
É um termo genérico que agrupa correntes de pensamento na Psicologia e tem em comum o comportamento como objeto de estudo, mesmo com diferentes maneiras de estuda-lo ou de explica-lo. Para o Behaviorismo o comportamento pode ser analisado e explicado sem que seja preciso se recorrer a esquemas mentais ou psicológicos internos. De acordo com esses pressupostos, o comportamento é a causa dos meios externos em que o indivíduo se encontra. Para Watson nós somos o que fazemos e nós fazemos o que o meio nos impele a fazer.


PRINCIPAIS TIPOS DO BEHAVIORISMO:


·         Behaviorismo Radical: designa uma filosofia da Ciência do Comportamento por meio da análise do comportamento (comportamento operante). É também conhecido por “skinneriano”, e constitui-se ainda numa interpretação filosófica de dados obtidos através da investigação sistemática do comportamento.

·         Behaviorismo Filosófico: também chamado Behaviorismo Analítico e Behaviorismo Lógico, consiste na teoria analítica que trata do sentido e da semântica das estruturas de pensamento e dos conceitos. Defende que a ideia de estado mental, ou disposição mental, é, na verdade, a ideia de disposição comportamental ou tendências comportamentais.

·         Behaviorismo Metodológico: designa um método de ciência, apenas os comportamentos observáveis são passíveis de serem analisados. Baseia-se em duas concepções de filosofia da ciência difundidas no início do século XX: o positivo lógico e o operacionismo.


PRINCIPAIS NOMES:


·         John Watson (1878-1958)



Watson dedicou-se ao estudo do comportamento, com base nas suas formulações teóricas. Estudou também os talentos, tendências, emoções, traços mentais e hereditários, considerados como comportamentos não aprendidos ou instintivos. Para ele, as emoções são apenas respostas corporais a determinados estímulos.
Ele dizia que se a psicologia quisesse se fortalecer no mundo da ciência seria necessário que ela repensasse o seu objeto de estudo.

·        Ivan Petrovich Pavlov (1849-1936)


- Pavlov descobriu o que ele chamou de condicionamento clássico, ele observou que os cães não salivavam apenas ao ver a comida, mas também quando associavam algum som ou gesto à chegada da comida. A ideia básica do condicionamento clássico consiste em que algumas respostas comportamentais são reflexos incondicionados, inatas em vez de aprendidas.


- As elaborações de propagandas partem do principio do condicionamento.



        


·        B. F. Skinner (1904-1990)


Um dos grandes estudiosos da psicologia behaviorista contemporânea. Foi um psicólogo americano que encontrou o ponto culminante do Behaviorismo.
Após Watson, Skinner foi o mais importante Behaviorista, onde sua principal preocupação era a explicação cientifica definindo como prioridade para a ciência do comportamento o desenvolvimento de termos e conceitos que permitissem explicações verdadeiramente científicas. O principal experimento de Skinner foi feito com ratos de laboratório, utilizados para verificar como as variações no ambiente interferiam nos comportamentos. Tais experimentos permitiram-lhes fazer afirmações sobre o que chamaram de leis comportamentais.

Neste caso de comportamento operante, o que propicia a aprendizagem dos comportamentos é a ação do organismo sobre o meio e o efeito dela resultante.
Este comportamento operante pode ser representado da seguinte maneira: R -> S, em que R é a resposta (pressionar a barra) e S o estímulo reforçador ( a água), que tanto interessa ao organismo; a flecha significa "levar a".  Esse estímulo reforçador é chamado de reforço.

Comportamento respondente ou reflexo: chamados de “não voluntário”, respostas são produzidas por estímulos antecedentes do ambiente. São ações reflexas ou respondentes de comportamento involuntário, independente da aprendizagem.

Comportamento operante: amplo leque de atividades humanas em que as relações ambiente-sujeito são voluntárias, dependentes de aprendizagem e seus estudos e experimentos definem-se como Leis Complementares.


CRITICAS:

1.
Uma ciência do comportamento é fatalista.
2. Uma ciência do comportamento é impossível.
3. Uma ciência do comportamento é indesejável.



APLICAÇÃO DO BEHAVIORISMO:       


Uma área de aplicação dos conceitos apresentados tem sido a Educação. São conhecidos os métodos de ensino programado, o controle e a organização das situações de aprendizagem, bem como a elaboração de uma tecnologia de ensino.
Na área de administração, é através do reforçamento positivo, como o uso de comissões de vendas ou o título de funcionário do mês, que o individuo tende a se comportar de forma favorável à organização (aumentando a produção, ou as vendas, por exemplo). É possível, também, perceber a punição nas organizações (ao faltar, o funcionário tem o desconto no salário, por exemplo). Entretanto, outras áreas também têm recebido a contribuição das técnicas e conceitos desenvolvidos pelo Behaviorismo, como a de treinamento de empresas, a clínica psicológica,